segunda-feira, 27 de abril de 2009

O crop compensa? Parte 2.


Como prometido, esta é a imagem que deu origem ao post anterior. Aqui, sem nenhum tratamento, somente com uma redução de tamanho do arquivo para não sobrecarregar a página.

Quando fiz esta foto, tive tempo de buscar uma boa composição. Não sei se consegui, mas tive esse tempo. Pude parar por alguns instantes, olhar o local de diversos ângulos, experimentar alguns desses ângulos no visor da máquina, enfim, estudar um pouco a foto antes do clic. Em quase todas as outras situações em que tiro fotos, não tenho esse tempo.

Ora, se com todo esse tempo antes do clic, não fiquei satisfeito com a imagem, imaginem quando capturo a imagem na corrida...

É aqui que abro nossa discussão: devemos ser puristas e manter o enquadramento original sempre, como prega a fotografia mais tradicional ou podemos nos dar ao luxo de fazer tratamentos posteriores na imagem?

Sem me alongar em considerações que revelem minha baixa auto-estima em termos de técnica fotográfica, tenho a consciência de que jamais atingirei o nível de grandes mestres que defendiam e defendem que a composição na hora da foto é sagrada e não pode ser alterada. Por isso, e também graças às facilidades tecnológicas que temos, sou pessoalmente favorável à pós-edição das imagens que desejamos mostrar.

Por que não considerar a pós-edição como arte? Acredito que seja a continuação do trabalho de fotografar. Quando fotografava em película, não dispunha dos meios para isso. Como sempre fui amador, minhas fotos eram todas reveladas em minilabs comerciais, à exceção de meia dúzia de fotos P&B que tive a inesquecível oportunidade de revelar e ampliar. Então, a possibilidade da pós-edição para mim não existia. Hoje existe, está ao alcance do mouse e é cada dia mais simples e intuitiva.

Ora, eu estava lá naquele dia, com os pés na areia molhada ao lado daquele galho. Sinto-me à vontade para abrir sua foto em qualquer editor de imagem e realçar tudo o que mais me impressionou nele. E não estou alterando nem criando nada. Tudo o que mostro na imagem já estava lá, de forma latente. Só realço o que mais me chamou a atenção.

Aquele pedaço de madeira que veio sei lá de onde, terminando encalhado na beira da praia em um dia nublado, foi muito mais importante para meu olhar do que o próprio mar ou o céu. Montanhas, ondas e nuvens, de uma ou outra forma, sempre estiveram lá, todos os dias. O personagem tronco não. Por isso julguei que ele merecia figurar sozinho na imagem, com suas cores e detalhes realçados, ladeado por uma moldura que o destacasse.

Eu fotografei, eu editei, eu publiquei.
Eu errei?


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